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Avareense que lutou na 2ª Guerra morreu em acidente aéreo após fim do conflito

Integrante da Força Expedicionária Brasileira, Pedro Luiz Dias da Fonseca tinha 36 anos quando o avião que pilotava bateu no Pico do Papagaio após pane

Da Redação*

O avareense Pedro Luiz Dias da Fonseca esteve perto de um fim trágico em 1944. Ele e outros jovens de Avaré fizeram parte da Força Expedicionária Brasileira (FEB), enviada para combater o nazifascismo em campos italianos.

Puí, como era conhecido, havia passado pela Escola de Pilotagem do Aeroclube de Avaré. Lutou em Monte Castello, Castelnuovo e esteve na sangrenta batalha de Montese. Mas voltou para contar a história.

Trinta e três jovens de Avaré partiram para a missão. Sérgio Bernardino foi o único a morrer em batalha.

O que parecia um final feliz, contudo, se transformaria em tragédia poucos anos depois do fim do conflito mundial, uma dessas peças que o destino costuma pregar.

Puí se mudara para São Paulo no início dos anos 50 para trabalhar com aquilo que mais gostava: aviação.

Era piloto na Real Transportes Aéreos, então uma das maiores companhias do ramo no país, quando morreu em decorrência de um acidente no dia 10 de abril de 1957. Quem conta é o pesquisador Gesiel Júnior.

“Aviador habilidoso, o comandante Pedro Luiz Dias da Fonseca decolou do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, pilotando o Douglas DC-3 (foto), prefixo PP-AXN do consórcio Real-Aerovias-Nacional, avião fabricado em 1944 para servir à Força Aérea dos Estados Unidos na 2ª Guerra e vendido no ano anterior à Real.

Uma hora depois já era noite. Chovia forte quando o DC-3 sobrevoava a região de Ubatuba e o seu motor pegou fogo. Puí tentou um pouso de emergência em praia próxima. Mas, devido às condições precárias de visibilidade, ele a tripulação não se deram conta da rota de colisão com o Pico do Papagaio, a mais alta das duas elevações da Ilha de Anchieta.

Com só um motor funcionando, a aeronave perdeu sustentação e bateu na encosta do cume. Morreram instantaneamente o comandante, o copiloto, o radiotelegrafista e 23 passageiros. Escaparam apenas o comissário com graves queimaduras e mais 3 passageiros, entre eles uma menina.

A trágica notícia da morte de Puí entristeceu os conterrâneos e foi muito lastimada. A aviação comercial no Brasil estava em seu auge nessa época com a concorrência acirrada entre as companhias aéreas na linha Rio-São Paulo, mas ainda pouco se investia na infraestrutura aeroportuária para auxiliar voos em condições climáticas adversas”, relata o escritor.

O avareense tinha 36 anos. O Aeroclube de Avaré deu o nome de Puí ao hangar do antigo aeroporto local, recentemente demolido.

Uma praça, hoje convertida numa travessa entre as ruas Nove de Julho e Acre, ganhou seu nome por intermédio do prefeito Paulo de Araújo Novaes.

Antonio Salim Curiati, prefeito de São Paulo nos ano 80, nomeou como Rua Pedro Luiz Dias da Fonseca uma via do Jardim Apurá.

Descendência

Primogênito do casal Maria Dias Baptista e José Quirino da Fonseca, Puí nasceu em Avaré no dia 6 de dezembro de 1920.

Era casado com Vera Schlithler, com quem tem teve os filhos Luiz Roberto e Lúcia Maria. É descendente do sertanista Inácio Dias Baptista, o capitão Apiaí, dono de latifúndios no Vale do Rio Pardo.

Sobrinho do engenheiro Caio Dias Baptista, que foi secretário estadual de Viação no governo Ademar de Barros, Puí era primo do médico e ex-prefeito Paulo Dias Novaes. Este o homenageou dando o nome de Pedro Luiz ao filho caçula, que também conserva o mesmo apelido.

*Baseado no texto do escritor Gesiel Júnior originalmente publicado na edição 1423 do jornal A Comarca.

 

One thought on “Avareense que lutou na 2ª Guerra morreu em acidente aéreo após fim do conflito

  • Rosana Fonseca

    Que legal essa reportagem? Pedro Luís é meu tio, irmão da minha mãe.

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