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Raul Seixas e a música sertaneja: tudo a ver

As aproximações entre o pai do rock brasileiro e o estilo musical mais odiado pelos roqueiros; se você odeia Chitãozinho e Xororó, culpe Raul

Flávio Mantovani

Raul Seixas (1945-1989) é o pai do rock nacional. Disso ninguém duvida. O que pouca gente sabe é que ele também poderia ser considerado uma espécie de padrinho da música sertaneja. Achou bizarro? Vamos aos fatos.

Se você odeia Chitãozinho e Xororó, culpe o Raul. Em 1975, a dupla estava prestes a deixar a música. Apesar da maratona de shows em circos pelo país, o reconhecimento não chegava. Com contas pra pagar, eles pensaram em dar um tempo e arrumar um emprego convencional.

A possibilidade era discutida no Fusca azul-calcinha, único patrimônio de que dispunham. De repente, “Tente Outra Vez” começou a tocar no rádio. A faixa abria “Novo Aeon”, álbum recém-lançado de Raulzito. “A música trouxe essa mensagem (de que não devíamos desistir). A gente saiu dali com o pensamento diferente”, relatou Chitãozinho no programa “The Noite”, do apresentador Danilo Gentilli.

E não é só isso. A dupla foi protagonista na renovação estética pela qual o sertanejo passou nos anos 80, o que abriu caminho para que outros artistas do gênero pudessem trilhar o caminho da “modernização”. O estilo dominaria as FMs a partir da primeira metade da década seguinte, gerando filhos até hoje. O sertanejo, portanto, deve algo a Raul.

O baiano, por outro lado, foi gravado por duplas em várias ocasiões. Em 1994, “Tente Outra Vez” foi regravada por Zezé Di Camargo e Luciano. Chitãozinho e Xororó, por sua vez, interpretaram a música no disco “Do Tamanho do Nosso Amor” (2013). Já Rio Negro e Solimões gravaram “Medo da Chuva” em 2002.

Raul e a viola caipira

Raul Seixas em moda de viola? Acredite: existe. Trata-se de uma versão de “Trem das 7” gravada em 2001 pela dupla caipira Eli Silva & Zé Goiano. (Anos antes, a música integrou o repertório de um especial que Leandro e Leonardo gravaram para a Band).

Raulzito, aliás, flertou deliberadamente com o instrumento em “Minha Viola”, do disco “Abre-te, Sésamo” (1980). (A música foi regravada recentemente pela cantora Bruna Viola).

A letra diz: “Minha viola vou tocando, relembrando a minha terra. E quando a tarde vai morrendo, vou pegando minha viola. Se estou triste e sofrendo, ela é quem me consola”. Alguma semelhança com a temática caipira?

Confira no https://www.letras.mus.br/raul-seixas/48319/.

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