Especial

Moradores de Óleo demonstram perplexidade com proposta que prevê extinção do município

Projeto do presidente Jair Bolsonaro, que obteve 77,96% dos votos válidos na cidade, desagradou até mesmo apoiadores do atual governo

Da Redação

Perplexidade e indignação. Esses dois substantivos representam bem o sentimento dos moradores de Óleo.

Com população estimada de 2.673 habitantes, o município é um dos que podem ser extintos caso a proposta do governo federal passe no Congresso.

A intenção do Ministério da Economia é que localidades com menos de 5 mil habitantes e arrecadação própria menor que 10% da receita total sejam incorporadas pela cidade vizinha. O Brasil tem 1.253 municípios com menos de 5 mil habitantes, segundo o IBGE.

Mas a proposta do presidente Jair Bolsonaro, que obteve 77,96% dos votos válidos em Óleo, desagradou até mesmo quem apoiou o militar na última eleição. Entusiasta de Bolsonaro, o prefeito Rubens Esteves Roque, o Rubinho, reconheceu ao Fora de Pauta que se sentiu “traído” pelo presidente.

Em enquete feita junto a integrantes do Clube dos Amigos de Óleo, no Facebook, a maioria se mostrou contrária à anexação do pequeno município, que faz divisa com Manduri, Bernardino de Campos, Santa Cruz do Rio Pardo, Piraju e Águas de Santa Bárbara.

“Não se trata apenas de uma questão econômica, mas também cultural. Cada município tem sua história política, cultural, religiosa e não podem levar em consideração apenas a questão financeira”, afirma o funcionário público Arildo Cardoso.

A questão cultural também foi levantada pelo presidente da Câmara de Óleo. “Eu acho um absurdo, pois acabará com história e tradição do povo. No meu ponto de vista, não passa no Congresso”, disse o vereador Branco Velo.

A ênfase no aspecto econômico também foi criticada. “Se como município já temos dificuldades para termos nossas vidas com dignidade, imagine se nos tornarmos bairro. Somos tão contribuintes quanto qualquer outro cidadão, independente de números. Não contribuímos menos por sermos uma população menor”, avalia a funcionária pública Silvana Marques.

Já o agricultor Roberto de Oliveira tem outra explicação. “O povo é culpado. Em vez fazer casa na cidade da gente, ajuda as outras (cidades). E só aumentar a população, voltando a construir e morar aqui. Está resolvido”, disse, numa crítica a oleenses que preferem investir na região.

Mobilização

Além do rechaço da maioria da população, a hipótese de ver Óleo sumir do mapa gerou reação em várias frentes.

O prefeito Rubinho, por exemplo, afirmou que vai participar das reuniões convocadas pela Confederação Nacional dos Municípios e Associação Paulista de Municípios. Contrárias à proposta, as entidades prometem gestões junto a lideranças regionais para barrar a medida.

Já o vereador Velo disse que vai acionar deputados aliados e repudiar publicamente a proposta por meio de moção.

A sociedade civil também reagiu. Na segunda-feira, 11, o empresário lotérico Alex Zorzato esteve no gabinete do deputado estadual Campos Machado. O oleense relatou que o parlamentar se comprometeu a encaminhar moção ao Senado solicitando o veto à medida.

“Natural de Cerqueira César, o deputado conhece Óleo muito bem e prometeu defender as pequenas cidades. Apresentei a Campos os efeitos destrutivos que isso teria nos já enfraquecidos comércios locais. Também lembrei que a Constituição diz que a federação deve proteger e fornecer meios para que seus entes federados se mantenham, não excluí-los”, afirmou Zorzato.

O oleense contou com o apoio do prefeito Isnar Freschi Soares, cuja cidade, Sarutaiá, também está na lista das cidades que podem sumir do mapa.

2 thoughts on “Moradores de Óleo demonstram perplexidade com proposta que prevê extinção do município

  • Salvadore Baptist

    Choradeira a toa, notem que são os políticos que são contra a sugestão do governo.
    Não precisa fazer muito esforço pra saber o real interesse desses políticos, é o medo de perder a boquinha.
    Cidades como Óleo não consegue arrecadar 10% da receita, isso sim tem que ser rechaçado, como pode uma administração ser tão ruim assim?
    Deveriam criar vergonha na cara e passar a fazer uma política onde consigam pelo menos ter mais de 10% da receita. Chega de mimimi.

    Resposta

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