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Fã de Pink Floyd, avareense já rodou o mundo para ver shows de Roger Waters

Empresário Joaquim Arnês, que edita página sobre o músico inglês, chegou a conhecer o ídolo pessoalmente em 2013 

Flávio Mantovani

Um gesto inocente mudou a vida do avareense Joaquim Arnês, 60. Certa vez, um sobrinho apareceu na “Night Fever” – casa de shows que o empresário gerenciava em Avaré – com um LP debaixo do braço. Depois de circular pelo estabelecimento, o jovem colocou pra tocar aquele vinil com capa branca.

Era 1979 e a disco music vivia seu auge. No entanto, o que saía das caixas de som soava bem diferente do que se costumava ouvir em danceterias. Era “The Wall”, álbum da banda inglesa Pink Floyd. Alguns segundos foram suficientes para que Arnês ficasse extasiado. Diante do contato com aquela sonoridade espacial, ele foi prontamente abduzido para um mundo do qual nunca mais saiu.    

E não se trata de exagero. Nas últimas décadas, Joaquim já esteve em várias partes do mundo para assistir a shows de Roger Waters, ex-integrante que tem excursionado com um repertório baseado em discos do grupo.

Formado em Londres em 1965, o Pink Floyd ficou conhecido pelo seu som progressivo. A banda reunia no mesmo caldeirão psicodelia, experimentações estéticas e provocações filosóficas.

As apresentações também eram um capítulo à parte. Ligados em tecnologia, os ingleses adotavam todo tipo de equipamento de luz e som que fosse capaz de garantir a ambiência e a atmosfera viajante descritas nas canções.

Depois de um estrondoso sucesso mundo afora nos anos 60 e 70, vieram os primeiros rachas. Roger Waters, baixista e um dos fundadores, deixou a banda em 1985. Os demais integrantes seguiram juntos por mais dez anos, até que a banda foi definitivamente desativada.

O primeiro show

Joaquim Arnês ainda conseguiu ver o Pink Floyd pouco antes da dissolução em 1995. Foi na turnê “Divison Bell” em Los Angeles.  “Fui especificamente para o show. Saí do Brasil numa quinta-feira e já estava de volta no domingo. Nunca mais vou ver algo parecido na minha vida”, conta, emocionado, ao Fora de Pauta.

A peregrinação se intensificou após a primeira vinda de Roger Waters ao Brasil, em 2002. Portugal, Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Alemanha, Canadá e Argentina foram alguns dos países pelos quais o avareense passou no encalço do artista inglês. O empresário estima ter visto 27 shows, 17 só da turnê “The Wall”.

As lembranças estão espalhadas em seu escritório no centro de Avaré. Há folders e cópia de ingressos expostos em quadros nas quatro paredes. “Os originais estão guardados pra evitar que o sol cause estragos”, revela.  

Arnês fez amigos durante as andanças e chegou a participar de um casamento nos Estados Unidos que contou com a presença de Dave Kilminster, guitarrista que acompanha Roger Waters.

Encontro com o ídolo

Desde 2012, Joaquim edita a “Roger Waters Brasil”, página no Facebook que tem mais de 16 mil seguidores. O trabalho acabou sendo determinante para que ele realizasse um sonho: conhecer Waters pessoalmente.

O encontro aconteceu em 2013 – ocasião em que o inglês apresentava no Brasil a ópera “Ça Ira” – e foi intermediado por uma produtora com quem Arnês mantinha contato.

“Fui apresentado como o responsável pela página que ajudou a divulgar o evento. Apertei sua mão. Geralmente o segurança não permite essa proximidade. Eu o parabenizei e ele me agradeceu por ter ajudado a divulgar o evento. Foi tudo muito rápido, mas inesquecível”, relembra o empresário sobre o encontro em São Paulo.

Por pouco o avareense não vivenciou outro momento antológico dois anos antes. Durante uma apresentação de Waters em Londres, David Gilmour, que foi vocalista e guitarrista do Pink Floyd, subiu ao palco para cantar uma música com o ex-parceiro. Desde o fim da banda, eles só haviam se reunido em ocasiões especiais. O baterista Nick Mason também deu as caras no dia.

“O encontro tinha acontecido na noite anterior em que cheguei a Londres. A gente sabia que ia rolar a canja, mas não sabia em qual show. Gostaria de ter visto”, diz o entrevistado, mais uma vez emocionado.

Identificação

A emoção também vem à tona quando “Mother” começa a tocar no computador. A letra fala de uma mãe superprotetora. Waters não chegou a conhecer o pai, que morreu na 2ª Guerra. “Eu me identifico com a música. Perdi meu pai muito novo”, conta o empresário. 

A entrevista já está perto do fim e uma pergunta inevitável é colocada à mesa. Como seria a vida do avareense se ele não tivesse cruzado com o Pink Floyd e Roger Waters?

Arnês responde sem hesitar. “Eu não teria conhecido outros lugares. As pessoas não gostam quando digo isso, mas é verdade”, conclui.

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