Notícias

Disco instrumental “Rabiola”, de Osni Ribeiro e Arnaldo Silva, celebra casamento entre viola e violão

Embora utilize formato estabelecido há oito décadas na música caipira, trabalho autoral dos músicos de Botucatu sinaliza que gênero pode ir além do tradicional

Flávio Mantovani

No início, era a viola. Ela era a senhora absoluta na música caipira. Até que o violão entrou em cena pelas mãos do cantor e compositor Raul Torres, lá na década de 40, estabelecendo uma parceria que dura até hoje. Pelo menos é o que dizia Inezita Barroso. 

Curioso então notar que vem justamente de Botucatu – terra natal de Torres – um trabalho autoral que aprofunda esse casamento de oito décadas entre viola e violão.

O disco instrumental “Rabiola” é fruto da parceria entre o violeiro Osni Ribeiro e o violonista Arnaldo Silva.

O álbum recém-lançado traz 11 faixas. Há composições de Osni, como “Pescaria Rio Abaixo” e “Sambando no Cateretê”, e parcerias do violeiro com diversos autores. “Pagode do China” é a única parceria de Ribeiro e Silva.

“Rabiola” engloba os mais tradicionais ritmos caipiras – pagode, toada, cateretê e cururu, passando pelo choro e samba – para mostrar que esse casamento continua firme e forte.

“É a conversa da eterna viola caipira com o violão brasileiro, que há muito tempo reivindica seu lugar como referência primeira na música brasileira”, escreve o produtor Fernando Marques no encarte do disco.

Mas é bom ficar atento. Embora beba do cancioneiro regional e esteja assentada no formato viola/violão, a música de Osni Ribeiro e Arnaldo Silva vai muito além do arroz com feijão.

“Quase Folia” é exemplo disso. A canção traz os tradicionais ponteados de viola, mas apresenta modulações harmônicas pouco utilizadas pelas duplas do gênero.

“Rabiola”, faixa que dá nome ao disco, segue na mesma toada, mostrando a universalidade do trabalho dos botucatuenses.

Regravações

Embora priorize canções autorais, “Rabiola” abre espaço para “Tristeza do Jeca”, de Angelino de Oliveira, clássico caipira descrita no disco como “Tristezas do Jeca”, já que não são poucas as mágoas do caboclo.

Mas não se trata de uma simples releitura. Nas mão de Osni e Arnaldo, a moda vira terreno para especulação sobre qual feição ela teria se Angelino tivesse nascido em outras regiões do Brasil.

Standard do maestro Heitor Villa-Lobos, “O Trenzinho do Caipira”, que integra a faixa “Suíte dos Trens”, ganhou uma versão chorada, com contornos épicos.

Ficou curioso? O disco instrumental “Rabiola”, de Osni Ribeiro e Arnaldo Silva, está disponível no Spotify, Deezer e Apple Music, entre outras plataformas digitais. A produção contou com recursos do Fundo Municipal de Cultura de Botucatu. Confira a capa abaixo. 

Os autores

Com mais de 40 anos de carreira, o violeiro botucatuense Osni Ribeiro é um velho conhecido do meio autoral brasileiro.

A discografia do cantor e compositor inclui os álbuns “Osni Ribeiro” (1994), “Bebericando” (1996), “Arredores” (2018) e “Cantigas de Andar” (2022), entre uma infinidade de outros trabalhos.

Já Arnaldo Silva é um nome de peso da nova geração de músicos de Botucatu. Cantor e compositor com passagem pelo Conservatório de Tatuí, o violonista acaba de lançar o álbum “Pelos Caminhos”, também disponível nas plataformas digitais. 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Para reproduzir nosso conteúdo, entre em contato pelo contato@foradepauta.com