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Avaré se despede das cores de J. Grassi

Modéstia em pessoa, avareense despontou como uma promissora revelação na safra de nossos novos artistas plásticos”

Gesiel Júnior

A cidade despertou na quarta-feira, 17 de fevereiro, abertura da Quaresma, com uma notícia muito triste para as artes: a morte precoce do artista plástico J. Grassi, aos 43 anos, causada por infarto do miocárdio.

Modéstia em pessoa, J. Grassi despontou como uma promissora revelação na safra de nossos novos artistas plásticos.

Nascido José Eduardo Grassi, ele viveu e trabalhou em Avaré por toda a vida. Sua trajetória na arte começou instintivamente na infância, quando aprendeu o ofício de pintor de paredes com o avô Genésio dos Santos.

“Era criança e na escola francamente detestava educação artística e nem ligava para desenhar”, confessou.

O interesse pelas artes plásticas foi despertado na adolescência, quando recebeu as primeiras aulas na Casa de Artes e Artesanato.

“Quem me deu as noções elementares de desenho foi Tegani. Ele me ensinou a técnica de divisão de tela e aí comecei a pintar”, contava demonstrando respeito ao colega artista.

Expôs pela primeira vez na vitrine da Biblioteca Municipal, mas considerava como sua mostra inaugural a feita no Emporium Café em 2003.

Aliás, no mesmo lugar J. Grassi expôs outras vezes. “Comparo arte a um estado de espírito. Quando pinto ponho para fora o que penso, o que sinto”, explicava.

“Tenho traços dramáticos e formalmente comunico sentimentos nas cores que uso”, me disse numa entrevista há seis anos, quando revelou que era fã dos pintores holandeses Vincent van Gogh e Piet Mondrian.

Grato, J. Grassi não esquecia de duas saudosas personalidades que valorizaram o seu talento: o empresário Benedito D’Agostini e Cornelius Souza.

Agradecia também o constante incentivo dos amigos Joaquim Fonseca e Hilda Arrivabene, os quais o ajudaram a expor em São Paulo, no Shopping Villa-Lobos e na Livraria Cultura, na Avenida Paulista.

Graduado em Artes pela FREA, o sonho do artista era dar aulas em escola pública. “É um ideal, sei que hoje ser professor é complicado, mas crianças e jovens precisam ser envolvidos pela arte”, destacava. Premiado como representante de Avaré nos anos de 2002 e 2004 no Mapa Cultural Paulista, ele lamentava o desprestígio da categoria.

Repercussão

A classe artística de Avaré lamentou a perda do colega. A Secretaria Municipal da Cultura emitiu Nota de Pesar. “A cultura avareense hoje está de luto”, conclui o comunicado oficial distribuído à imprensa. 

Reprodução da obra “Paisagem com moinho”  pintada por Grassi em 2013

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