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Show de sertanejo semi-desconhecido sugere que mercado do entretenimento está aquecido

Chuva, frio e recessão. Nada disso impediu que centenas (milhares?) de pessoas comparecessem ao show do sertanejo Loubet na sexta, 21, em Avaré. Enquanto o circo era armado, porém, outros cantos da cidade reverberavam a pergunta óbvia: Quem – diabos – é Loubet?

O Fora de Pauta tentou responder a essa pergunta. O site oficial diz que o sertanejo é sul mato-grossense, tem quatro discos lançados e é fã de Daniel e Milionário e José Rico. Além disso, ele “arrasta multidões por onde passa” e integra o “maior escritório de gestão de carreira artística do Brasil”.

A plataforma digital o classifica ainda como um “cantor que está conquistando o Brasil”. A hipótese de que o artista ainda faz sua travesseia rumo ao estrelato pôde ser comprovada pelo Fora de Pauta na própria fila para o show. Três das cinco pessoas que falaram com a reportagem não souberam enumerar um sucesso do sertanejo. “Mel e limão”, “Bebo Mesmo” e “Ela Não Gosta de Cowboy” estão no novo trabalho do intérprete, o Studio Sessions Vol.1.

Mercado e crise

O show de Loubet foi organizado pela iniciativa privada. As entradas (que o avareense costuma chamar de convite, embora pague por elas) custaram entre R$ 30 e R$ 50. Já os fãs mais afoitos puderam optar pelo Camarote Golden, brincadeira que saiu por R$ 1200.

No passado, as pequenas prefeituras bancavam grandes shows comerciais. Na esmagadora maioria dos casos, as entradas eram gratuitas e a única contrapartida exigida do público era o comparecimento em massa. Com a crise econômica que atingiu também cofres públicos, esse expediente bastante comum no interior de São Paulo sofreu um refluxo.

Não foram poucos os shows particulares que acabaram cancelados por falta de pagantes. O caso mais notório na região ocorreu em Jaú, quando uma apresentação da cantora Cláudia Leitte foi cancelada em 2015 por falta de público. O tema ganhou repercussão nacional.

O caso de Leitte e de outros fenômenos de mídia que passaram pelo mesmo constrangimento levantou a seguinte hipótese: será que – com exceção de grandes centros – esses artistas de massa teriam condições de lotar espaços em pequenas cidades apenas com pagantes, ou seja, sem o aporte de dinheiro público? A pergunta ainda não tem uma resposta muito clara.

Por outro lado, eventos musicais privados em Avaré vêm conseguindo atrair público satisfatório, haja vista o recente show de Wesley Safadão. A tábua de salvação do empresariado disposto a trazer intérpretes de hits é investir em cidades com perfil universitário, como Avaré? Talvez a apresentação de Loubet ajude a compor parte da resposta.

Apesar da crise, a iniciativa privada tem a seu favor a seguinte cláusula pétrea: a Indústria Cultural não cria apenas produtos, ela cria também consumidores para seus artigos.

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