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Católicos são chamados a participar de políticas públicas

Tema da Campanha da Fraternidade propõe envolvimento de fiéis na defesa do bem comum

Gesiel Júnior*

Especial para o Fora de Pauta

Anualmente, desde 1964, a Igreja Católica, por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), promove, a partir do período da Quaresma, a Campanha da Fraternidade (CF).

Nela, na busca de soluções, são debatidas nas paróquias questões que afetam os cidadãos. Este ano, a CF tem tema dos mais atuais: “Fraternidade e Políticas Públicas”. Já o lema é uma garantia profética: “Serás libertado pelo direito e pela justiça (Is 1,27)”.

“Importante: o objetivo da Campanha da Fraternidade deste ano é nos mover a participar de políticas públicas, à luz da Palavra de Deus e da doutrina social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, que são bons sinais de fraternidade”, destaca o padre Edson Santos, avareense que atua numa paróquia da Grande São Paulo.

No texto-base da CF 2019, a CNBB classifica como políticas públicas as ações discutidas, aprovadas e programadas para que todos os cidadãos possam ter vida digna.

“São soluções específicas para necessidades e problemas da sociedade. É a ação do Estado que busca garantir a segurança, a ordem, o bem-estar, a dignidade, por meio de ações baseadas no direito e na justiça”, expõe o texto.

Padre Edson entende que políticas públicas não são apenas ações do governo, mas também a relação entre instituições e os diversos atores sociais ou coletivos, envolvidos na solução de determinados problemas.

Para isso, segundo ele, devem ser utilizados princípios, critérios e procedimentos que podem resultar em ações, projetos ou programas que garantam ao povo os direitos e deveres previstos na Constituição e outras leis.

“Cada pessoa, portanto, pode ajudar a mudar situações ruins se lutar e reagir adotando a prática de boas políticas pelo bem comum, pois a sociedade, atingida hoje pela corrupção no sistema político, tem milhões de pessoas, muitas bem perto de sua casa, sobrevivendo sem direitos e sem justiça. Não podemos ficar omissos. Temos que ajudar a reformar esse quadro perverso”, orienta o padre Edson.

Nobre forma de caridade

Em mensagem enviada aos católicos do Brasil, o papa Francisco lembrou que a política pública é uma “nobre forma de caridade” e que os que a ela se dedicam tem que prestar esse serviço “com paixão, vibrando com as fibras íntimas do seu etos e da sua cultura, solidários com os sofrimentos e esperanças do povo”.

O pontífice argentino também declarou que o mundo precisa de “políticos que anteponham o bem comum aos seus interesses privados, que não se deixem intimidar pelos grandes poderes financeiros e mediáticos, sendo competentes e pacientes face a problemas complexos, sendo abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático, conjugando a busca da justiça com a misericórdia e a reconciliação”.

A mensagem papal termina desejando que a Campanha da Fraternidade possa motivar a “força renovadora e transformadora da Ressurreição de Jesus para alcançar a todos fazendo do Brasil uma nação mais fraterna e justa”.

*Pesquisador e escritor, é autor de mais de 30 livros, muitos dos quais sobre a história de Avaré e região.

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