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A pedido da primeira-dama, obra de avareense será desalojada do Palácio do Planalto

Biógrafo da artista reconhecida mundialmente considerou a decisão “precipitada, irrefletida e infeliz”

Da Redação

“Orixás” (foto), obra da pintora avareense Djanira da Motta e Silva (1914/1979), deve ser desalojada do Palácio do Planalto após um pedido da futura primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A informação é da Folha de São Paulo e foi replicada pelo site Avaré Urgente. A tela de grandes proporções que traz divindades do candomblé fica no segundo andar da residência oficial do presidente da República.

A decisão teria motivação religiosa, já que Michelle é evangélica. Ainda segundo o jornal paulistano, a previsão é de que a obra seja cedida ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) para uma exposição, a partir de fevereiro, e depois viaje pelo país.

O empréstimo deve durar cerca de oito meses. No entanto, não há informações sobre o destino do quadro após esse período. 

Outras peças sacras que compõem o acervo – como estátuas de santos – irão para o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente.

“Decisão precipitada”

Biógrafo de Djanira, a mais importante artista de Avaré e pintora reconhecida mundialmente, o escritor Gesiel Júnior considerou a decisão “precipitada, irrefletida e infeliz”.

“No caso específico da tela “Orixás”, não se pode enxergar na obra apenas o aspecto religioso, pois se trata da mais pura expressão da arte brasileira”, disse ao Fora de Pauta.

“Para não ferir o nosso patrimônio cultural, ainda espero que o futuro presidente reveja essa atitude desnecessária em respeito aos grandes artistas”, conclui o pesquisador. 

Importância

Primeira artista latino-americana a integrar o acervo do Museu de Arte Moderna do Vaticano, Djanira retratou temas como a religiosidade, o folclore, as paisagens brasileiras e o cotidiano do homem do interior.

O reconhecimento começa nos anos 40, quando faz sua primeira exposição individual na Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Após obter destaque no Salão Nacional de Belas Artes, ela participa da Mostra de Pintores Brasileiros em Londres em 1944. A avareense então vai para os Estados Unidos e expõe em Nova Iorque e Washington.

De volta ao Brasil, ela pinta o mural “Candomblé” para o escritor Jorge Amado no início dos anos 50. “Painel de Santa Bárbara”, “Festa do Divino em Parati”, “O circo” e “Senhora Sant’Ana de Pé” são algumas de suas obras mais conhecidas.

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