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Pesquisador se fez biógrafo por devoção à história regional

Em duas décadas de trabalho, Gesiel Júnior contou a vida de políticos e de religiosos, mas a pintora Djanira é a sua predileta

DA REDAÇÃO 

Ele diz ter muito gosto ao anotar os valores da “pátria pequena”, expressão escolhida quando se refere a Avaré, cidade em que vive e trabalha. Discreto, perto de completar 54 anos, há 20 vem se desdobrando para resgatar dados esquecidos da história regional.

Tanto que já publicou 31 livros sobre o tema, entre crônicas e ensaios históricos a diferentes biografias. De uma proeza o escritor Gesiel Júnior se orgulha: “ressuscitar” Djanira, a grande pintora do Brasil, nascida em Avaré, mas uma ilustre desconhecida na própria terra até o ano 2000.

“Comecei no jornalismo em 1979. Fui correspondente do Estadão e cedo percebi: só estudando e conhecendo a micro-história podemos entender os fatos da atualidade com mais clareza”, observa Gesiel.

Seu primeiro livro, lançado, em 1997, teve o estímulo do amigo e primeiro editor, José Pires Carvalho: “Monsenhor Celso, a história de um padre”, biografia do sacerdote marcante na história avareense do século XX.

A obra, de 240 páginas, com selo da Editora Arcádia, teve em sua noite de autógrafos a presença do biografado, então com 94 anos, morto três meses depois. “Essa primeira experiência, inesquecível, me abriu portas. Contar a vida desse padre tão influente causou a emersão de outros fatos da cronologia de Avaré”, diz ao lembrar ter sido a edição parcialmente paga com patrocínios e quitada logo pela boa venda obtida.

No ano seguinte, 1998, o pesquisador recebeu de encomenda elaborar a primeira história de sua terra natal, Águas de Santa Bárbara. E ele a entregou em poucos meses, optando por também contar a vida do monge que foi pároco e prefeito da estância. “Como ex-seminarista a crônica eclesial sempre me agradou”, reconhece.

A terceira obra de Gesiel focou a vida de outra figura religiosa: a do carismático padre Emílio Immoos, sacerdote suíço fundador de importante obra social em Avaré. “Tracei a vida desse herói de maneira quase lírica”, revela. Houve uma versão da obra traduzida e impressa na língua alemã para ser distribuída na terra do missionário. “Este é o livro que escrevi, mas não li”, brinca o biógrafo.

Produção 

Desde então Gesiel responde pela autoria de vários títulos contando a vida de diferentes personalidades. Figuram na sua bibliografia o pioneiro Maneco Dionísio, os professores Izabel Pires Carvalho e Celso Ferreira da Silva, os bispos Vicente Zioni e Silvio Dario, bem como o médico e político Paulinho Novaes. Também cavou as próprias raízes, tendo assinado opúsculos para contar a vida de seu pai e do seu avô materno. Alguns livros tiveram apoio oficial na impressão e outros foram patrocinados por familiares e amigos.

Na condição de membro da Sociedade de São Vicente de Paulo, o escritor publicou cinco títulos de espiritualidade, um dos quais lhe garantiu de premiação uma viagem à Salamanca, na Espanha, em 2009.

Por oito anos, como é servidor municipal, ele assinou colunas no Semanário Oficial com relatos históricos. Esse trabalhou gerou cinco livros entre os anos de 2010 e 2015, sendo que quatro integram a série “Avaré em memória viva” e outro volume, intitulado “Caminhos de Avaré”, reúne descrições dos significados de nomes das vias e logradouros da cidade.

Mérito

Contudo, o pesquisador sorri por ter conseguido reintroduzir uma importante artista plástica na própria terra natal. Em 2000 publicou “História de Djanira, brasileira de Avaré”, em 2004 foi a vez do volume “Contando a Arte de Djanira” e em 2014 saiu o seu primeiro livro infantil: “Djanira para conhecer e colorir”. Os livros motivaram a criação do “Memorial Djanira” em 2008, pequeno museu que guarda obras e pertences da pintora, material esse trazido do Rio de Janeiro.

Mas a predileção do biógrafo pela artista parece inesgotável. Para 2018, em parceria com o cartunista Luiz Carlos Fernandes, Gesiel prepara roteiro para contar em mais um livro, este em formato de história em quadrinhos, a trajetória da notável pintora avareense de renome internacional. “Ela merece sempre, sempre mais”, diz, ao reiterar que o projeto aprovado pelo ProAC receberá recursos do governo estadual para sua produção. 

“A pesquisa é a lavra, sementes são editadas e a colheita se fez e faz com a gentileza da leitura de tantos de boa vontade, os quais consomem a safra das boas memórias”, comenta Gesiel, também criador de “Avaré, 150 anos”. Primeira obra paradidática sobre a história da cidade, editada em 2011, foi distribuída nas escolas locais. “O prazer é perceber que as crianças leram o meu livro, conheceram mais sobre a cidade e assim vão poder amar Avaré com a intensidade que ela merece”, afirma.

Ainda para 2017 o pesquisador prepara novidades, mas desta vez fora da sua temática habitual. Diz que vai se arriscar a publicar uma pequena coletânea de poemas, mas ainda faz segredo sobre o conteúdo.

Autor respeitado, Gesiel ingressou recentemente na Academia Sorocabana de Letras e mereceu o elogio da professora Marli Gomes de Oliveira, com quem aprendeu a amar a língua portuguesa. Ela o definiu com as seguintes palavras. “Guardião da História de Avaré, escritor brilhante, pesquisador dedicado e incansável. Prima pela visão objetiva e veraz dos fatos. Avaré se orgulha desse filho ilustre (e eu de um aluno brilhante)”.

Painel: algumas das biografias publicadas pelo escritor Gesiel Júnior

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