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“Boni Bonita”: no set com o ator Caco Ciocler

Fora de Pauta “invade” bastidores e conta o que rolou durante gravação de cena em um cartório no centro de Avaré; filme do diretor Daniel Barosa foi rodado em locações na represa 

FLÁVIO MANTOVANI

É segunda-feira brava. Ainda faltam alguns minutos para 7 da manhã, mas a movimentação já é grande no Cartório de Registro Civil de Avaré, localizado bem no centro da cidade.

O interior do estabelecimento, que em dias normais só abre às 9 horas, vive um corre-corre sem precedentes. Caixas com fios são levadas pra dentro; câmeras começam a ser posicionadas em tripés; um integrante da produção confere algo na planilha; uma moça entra com uma mala transparente cheia de maquiagem.

Em alguns minutos, vai ter início a gravação de uma cena do filme “Boni Bonita”, que tem como protagonista o ator Caco Ciocler.

Sentado no banco da praça no outro lado da rua, o estudante Daniel Benedito, 18, acompanha tudo com certa tranquilidade. Ele vai atuar como figurante e aguarda a chegada dos colegas que também farão uma pontinha no longa do diretor Daniel Barosa.

“Fui convidado pela professora de teatro. Quero aproveitar a passagem como fonte de pesquisa. É uma experiência nova para constar no currículo”, avalia.

A calmaria do estudante contrasta com a do diretor Daniel Barosa, que anda de um lado para outro no set. Entre checagens com a equipe, ele confere mensagens no celular. Parece um pouco apreensivo. E não era pra menos: a gravação não pode passar das 9, quando o cartório começa o atendimento ao público. Portanto, tudo tem que sair conforme o cronometrado.

Apesar da correria, Barosa se sente um pouco em casa: o diretor costumava visitar um amigo de infância que vivia em Avaré. A ideia de ambientar boa parte do longa na Represa Jurumirim, portanto, não surgiu por acaso.

“O filme tem uma quebra no tempo. Gravamos cenas no ano passado e voltamos agora. A gente conclui a filmagem na sexta”, revela ao Fora de Pauta.

8h10. Curiosos começam a aparecer. Um homem acompanha a movimentação da esquina; um mototaxista, no outro lado da rua, está com o celular a postos.

Quem passa pela calçada, estranha a cena: equipamentos e assistentes em frente ao cartório monopolizam o trecho. “Será que é algum casamento?”, pergunta uma senhora. “Ser for, deve ser de alguém importante”, responde a interlocutora ao avistar a câmera no interior do imóvel.

Ator Caco Ciocler chega para gravação no centro/ Foto: Fora de Pauta 

Experiência inusitada

Acostumadas ao lado de dentro do balcão, as funcionárias do cartório estão agora na calçada. Elas também serão figurantes e aguardam o sinal da equipe. “O cartório está com minha família há mais ou menos 80 anos, mas é a primeira vez que isso acontece”, conta a oficial Maria Eduarda em referência à experiência inusitada.  

Mas o tempo ainda urge. Diferentemente do clima amistoso que domina os arredores, lá dentro o corre-corre continua. Ajustes, testes de luz, o câmera se posiciona.

De repente, um sujeito com camiseta amarela e jeans surrado desce do veículo que acaba de encostar. Barba por fazer; cabeleira despojada. É Caco Ciocler. “Bom dia”, responde o ator ao cumprimento de uma funcionária. E segue direto para o camarim improvisado nos fundos do imóvel.

Com a parte técnica pronta, a produção posiciona os figurantes enquanto o protagonista, já perto do balcão, recebe orientações do diretor. “Ninguém entra a partir de agora”, anuncia um membro da produção. 

O diretor dá o sinal clássico. Rodando. Mas não é possível ouvir os diálogos com clareza: as portas estão fechadas para que o som da rua não atrapalhe a cena.

O Fora de Pauta também é impedido de entrar, mas pede que o produtor João Segall faça imagens lá dentro. Afora uns poucos curiosos, o centro de Avaré segue seu fluxo normal, indiferente ao acontecimento.  

A cena é relativamente simples e inversamente proporcional ao tamanho do trabalho que se viu até ali. Apoiado no balcão, o personagem solicita algo ao atendente e depois assina um papel. Em menos de meia hora, tudo está concluído. Um chute deste repórter: após editada, a cena gravada não deve passar dos três minutos.

“Corta”, diz o diretor pela última vez. Aplausos efusivos da equipe. O relógio marca 9h03. As portas se abrem e Daniel Barosa surge em meio ao burburinho. Parece aliviado. “Foi corrido, mas deu tudo certo”, comemora. 

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