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Locutor de Avaré fica no ar por mais de 107 horas e deve entrar para o Guinness Book

Júnior Andrade conseguiu superar recorde dos radialistas Hamilton Banana e Beto Café, que ficaram à frente do microfone, sem dormir, por 99 horas e 106 horas, respectivamente

Flávio Mantovani*

O locutor Júnior Andrade nunca gostou de Big Brother, mas viu sua vida se transformar em um reality show durante quatro dias e meio.

O radialista ficou ao vivo por 107 horas e 10 minutos pela Rádio Avaré 107.1 FM, apenas com pausas previamente estabelecidas para banho e refeições.

O esforço para estabelecer o recorde de maior tempo no ar foi acompanhado pela plataforma RankBrasil – Recordes Brasileiros e comunicado ao Guinness, referência mundial na área.

A saga foi transmitida pela internet. Júnior Andrade entrou no ar à 00h01 do dia 6 e permaneceu à frente do microfone da rádio – sem dormir – até 10 de maio, finalizando a prova de resistência às 10h11.

A programação contou com convidados, entrevistas e desafios propostos pelos ouvintes, além de muita música.

Tudo parecia correr dentro do previsto. Só parecia. O locutor de 32 anos pensou em desistir no segundo dia de batalha. O bicho ia pegando conforme o cansaço apertava, principalmente à noite.

Foi quando começaram a chegar as palavras de apoio de internautas, ouvintes e moradores. “Eu inventei isso, falei que ia fazer, agora vou fazer”, relata Júnior.

Fundada em 1948, a Rádio Avaré – a primeira emissora da cidade – pertence atualmente ao Grupo JBMS de Comunicação, do qual também fazem parte a Jovem Pan de Avaré, a Eduvale FM e as emissoras Do Vale TV e TV Nova Serrana.

O Grupo JBMS foi o patrocinador da empreitada. Uma carreta instalada na praça do Santuário Nossa Senhora das Dores, no centro de Avaré, permitiu que o público acompanhasse o desafio do avareense. Foram muitos os mimos recebidos da população, além das já citadas palavras de apoio.

Carreta no Santuário Nossa Senhora das Dores permitiu que público acompanhasse desafio

Recordes anteriores

O objetivo de Andrade era superar o recorde de Beto Café, locutor de Campinas que conseguiu permanecer no ar por 106 horas e 41 minutos em 2007.

Já Hamilton Banana ficou ao vivo por pouco mais de 99 horas pela Jovem Pan de São Paulo no ano de 1993. Banana foi longe para a época, mas saiu do estúdio direto para a ambulância.

Júnior, por sua vez, terminou o desafio de pé, apesar do visível cansaço físico e mental denunciado pelas pálpebras pesadas, conforme testemunhou o Fora de Pauta.

A saúde do desafiante, aliás, era uma preocupação permanente. O locutor teve o acompanhamento de fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros e psicólogos do Centro Universitário Uneduvale, que também apoiou a iniciativa.

A rotina, contudo, não teve o glamour do Big Brother da TV Globo. O locutor usava o banheiro da praça e tinha cerca de 30 minutos para tomar banho na casa da sogra, que fica perto do local, o que era permitido pelas regras, segundo a produção.

Abraço em vez de chopp

Assim que o relógio bateu 10h11 na manhã de sábado, 10, Júnior Andrade recebeu os cumprimentos de toda a equipe, incluindo do empresário Cláudio Mansur Salomão, presidente do Grupo JBMS.

Público e convidados que testemunhavam o feito histórico também fizeram questão de parabenizar o locutor, que apresenta os programas Manhã 107 e Tarde 107, ambos na Rádio Avaré.

Em meio à comemoração, um lance curioso. O locutor recusou a caneca de chopp que lhe foi oferecida assim que o desafio terminou.

“Ordem da nutricionista”, disse, resoluto, demonstrando seu grau de comprometimento com a causa.

Em vez de comemorar com bebida, ele preferiu celebrar com um abraço emocionado na esposa Francielle Moreira, que o acompanhou durante toda a maratona.

Contagem regressiva: locutor, equipe e convidados celebram recorde

Caindo na cama por 18 horas

O fim do desafio também marcou o aniversário de 32 anos do locutor. Dali, Júnior Andrade foi com a família para uma casa na represa Jurumirim, onde a comemoração teve continuidade.

Ele caiu na cama por volta das 13 horas de sábado, 10, e só saiu de lá no domingo, às 7h30 da manhã.

Durante essas 18 horas, ele só foi acordado pela esposa para tomar água, recomendação médica.

O abraço na esposa Francielle Moreira

Avaré, uma paixão

Júnior Andrade olhava com paixão para a bandeira de Avaré desde os tempos de escola. Nutria o sonho de fazer algo que levasse o nome da cidade natal para o mundo. Desde criança.

Tentou se destacar no esporte, mas não rolou. Foi então que começou a amadurecer a ideia de quebrar o recorde quando já trabalhava em rádio.

Após uma conversa despretensiosa com um colega, o avareense iniciou a pesquisa e deu de cara com as histórias de Hamilton Banana e Beto Café.

“Comecei a fazer as contas. Será que eu consigo?”, diz à reportagem. A proposta foi apresentada a Pedro Salomão, diretor da Rádio Avaré, que abraçou a causa.

Júnior Andrade sai do desafio com a sensação de missão cumprida. “Eu consegui ser o menino de Avaré que fez algo pela cidade que tanto amo”, confidencia ao Fora de Pauta.

A sensação é compartilhada por quem testemunhou o feito. A avaliação geral é de que não se trata da conquista de um locutor ou de uma rádio, mas sim uma conquista de Avaré.

A RankBrasil já fez a homologação do recorde. A empresa é responsável pelo suporte em âmbito nacional ao Guinness, que valida os feitos inéditos mundo afora.

*Matéria originalmente publicada na edição nº 1571 do Jornal A Comarca de Avaré (SP).

 

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