Fotos de professora que viveu em Avaré integram livro sobre primeira vinda do Queen ao Brasil
Paula Clivati Prado, então com 16 anos, conseguiu driblar a produção e fotografou bastidores, coletivas e os shows históricos que a banda inglesa fez em março de 1981 em São Paulo
Flávio Mantovani
A paulistana Paula Clivati Prado, então com 16 anos, viveu um dilema cruel naquela noite de 20 de março de 1981. Curtir o primeiro show que o Queen fazia no Brasil ou se concentrar em fazer fotos? Ela preferiu a segunda opção, embora não tenha sido uma escolha muito fácil.
Fã da banda inglesa, a hoje professora de inglês havia conseguido – pasme! – invadir os bastidores da turnê que passava por São Paulo. Acompanhou deslocamentos do grupo pela cidade, fotografou coletivas e os dois shows feitos na cidade.
Quando soube que os músicos desembarcariam no país, Paula tomou a decisão para a qual parecia predestinada desde sempre: iria mover céus e terras para ver a banda de perto enquanto exercitava sua outra paixão, a fotografia. Naquela quarta-feira, a garota pegou a bolsa, a máquina e avisou a mãe. “Vou atrás do Queen. Só volto no domingo. Ok?”.
O primeiro passo foi correr até o escritório da gravadora EMI na capital paulista, cujo endereço ela encontrou na lista telefônica. Lá encontrou o músico Paulinho Heavy, que deu a localização e o itinerário dos ingleses.
Com as dicas em mãos e muita cara de pau, Paula incorporou a fotógrafa e partiu para o ataque. Conclusão: ficou na boca do palco durante os shows, praticamente pendurada na estrutura, e ainda contou com o ombro amigo dos seguranças para obter os melhores ângulos.
Numa das apresentações, conseguiu chegar à lateral do palco, fez alguns registros por trás da banda, mas foi logo tirada dali quando a produção descobriu a penetra com cara de criança.
Tudo isso ao lado da amiga Núria Casadevall, que também acompanhou a saga.
“Eu não sei de onde eu tirei tanta cara de pau. Eu era um pirralha de 16 anos que ficava tentando entrar em todo lugar. Saí até numa foto num jornal. Depois fizeram uma reportagem porque perceberam que a gente estava sempre com a banda. Eu e minha amiga éramos as tiétes do Queen no Brasil. Isso foi muito engraçado”, conta ao Fora de Pauta.
O livro
O showbiz brasileiro era só mato em 1981. Até aquele momento, o Brasil havia visto poucas bandas internacionais. Alice Cooper tinha dado as caras por aqui em 1974. Jackson 5 e Genesis também pisaram em terras tupiniquins na década de 70, mas não passou muito disso.
A primeira vinda do Queen, portanto, foi um fenômeno cultural sem precedentes.
Agora, muitas das fotos tiradas por Paula – que já morou em Avaré – fazem parte do livro “Queen no Brasil – 40 anos depois, a magia continua” (Lisbela Editora), escrito por William Nilsen, fundador e presidente do primeiro fã-clube oficial do grupo britânico na América Latina.
A obra luxuosa tem prefácio do músico Tim Staffell, ex-vocalista da Smile, banda britânica que deu origem ao Queen. Já a capa foi concebida pelo artista plástico argentino Nenu Arts (Dario Adrián Vega).
“Queen no Brasil – 40 anos depois, a magia continua”, que também aborda a participação do Queen no Rock in Rio em janeiro de 1985, pode ser adquirido pelo site www.queennobrasil.com.
A imagem que ilustra a matéria é uma reprodução da foto capturada na coletiva que o grupo deu em 19 de março no Maksoud Plaza Hotel.
O registro foi gentilmente cedido ao Fora de Pauta por Paula Clivati Prado e William Nilsen.