Especializada em lado B, banda Medicine Jars tenta furar resistência no meio musical
Repertório do grupo avareense fundado em 2015 é composto por canções pouco prováveis de nomes como Pink Floyd e Paul McCartney; bandas desconhecidas também fazem parte do projeto
Flávio Mantovani
Ter uma banda de rock no Brasil não é lá uma tarefa muito fácil. Basta ouvir o tipo de música que domina as rádios comercias para observar que o cenário é pouco favorável.
Ter uma banda de rock no interior é mais difícil ainda. Há poucos espaços para apresentações, já que estilos mais rentáveis como o sertanejo universitário monopolizam os escassos palcos disponíveis.
Agora ter uma banda de rock no interior do país que enfatize o lado B ao invés de recorrer à vala comum do classic rock é algo que beira o delírio.
Essa, no entanto, é a proposta da Medicine Jars, grupo avareense fundado em 2015 pelo vocalista e tecladista Dárcio Bortoloso. O repertório é composto por canções pouco conhecidas de grandes nomes, entre eles Pink Floyd e Paul McCartney.
O projeto surgiu de uma constatação. “As bandas de rock tocam quase sempre as mesmas músicas. A ideia é enfrentar o desafio de trazer coisas novas”, explica o músico ao Fora de Pauta.
Você até vai ouvir o grupo formado ainda por Pedro Lúcio (baixo), João Colella (guitarra), Marco Vieira (guitarra) e Luiz Daniel (bateria) tocar Black Sabbath, por exemplo. Mas é bem improvável que você conheça “It’s Alright”, a não ser que seja fã de carteirinha. A balada de 1976 é cantada pelo baterista Bill Ward e, até onde se sabe, nunca fez parte do repertório do grupo inglês.
Mas canção obscura não é a única especialidade da Medicine Jars. A banda também inclui no repertório artistas lado B, entre eles The New Cactus Band, Firefall e Chariot. As brasileiras Som Nosso de Cada Dia, Patrulha do Espaço e Made in Brazil, entre outras desconhecidas do grande público, integram a lista.
Resistência
Por conta dessa especificidade, a Medicine Jars diz enfrentar resistência de donos de estabelecimentos e de bandas de rock tradicionais. Desde o início do projeto, os integrantes já imaginavam que não fariam mais de três shows por ano.
Pela primeira vez, porém, a meta está perto de ser batida. A situação começou a melhorar depois de uma apresentação (a primeira desde a fundação) em outubro na sede local do Balaios Moto Clube. “A receptividade foi maior do que a gente imaginava e acabamos tocando de novo lá em janeiro”, revela o vocalista. Já uma pessoa que estava no público convidou o quinteto para tocar numa festa particular em agosto.
O grupo quer agora aproveitar o bom momento para cavar seu espaço no espaço local. “Gostaria que as pessoas dessem uma chance e, pelo menos, ouvissem nosso som. O lado B é tão bom quanto o classic rock. Se não fosse o novo, ainda estaríamos na idade da pedra”, argumenta Bortoloso.
Nos links abaixo, você confere um pouco do trabalho da Medicine Jars.