Reportagens

Jornalista e educador de Avaré trocou cartas com Machado de Assis

Oriundo do Rio de Janeiro, José Joaquim Pereira de Azurara é mais uma daquelas figuras emblemáticas que ajudaram a sedimentar a cena cultural avareense

Da Redação

Você sabia que um jornalista e educador que fez carreira em Avaré trocou correspondências com ninguém menos que Machado de Assis (foto), apontado por especialistas como o maior nome da literatura no país?

Oriundo de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, José Joaquim Pereira de Azurara é mais uma daquelas figuras emblemáticas que ajudaram a sedimentar a cena cultural avareense.

Não se sabe ao certo o que o trouxe para a cidade. “De concreto, sabe-se apenas que Azurara decidiu radicar-se no sudoeste paulista, no ocaso da monarquia, para abrir um colégio na ainda chamada Vila do Rio Novo”, revela o pesquisador Gesiel Júnior num recente ensaio sobre o personagem.  

Primeira instituição educacional privada de Avaré, o Colégio Azurara foi inaugurado em 1885. A convite de Maneco Dionísio, ele assumiu a função de redator no primeiro jornal da cidade, O Rio-Novense.

Além de se dedicar à literatura, teve tempo ainda para manter conversas com “Bruxo do Cosme Velho”. O Brasil comemora os 180 anos do nascimento de Machado de Assis em 2019.

“Conhecia bem a língua inglesa a ponto de, em 1875, ter elaborado a tradução de “A vida no casamento, seus deveres, suas provas e suas alegrias”, ensaio de autoria de W. B. Mackenzie. Nessa fase também escreveu “Contos de Paquetá”, “A Filha da Viscondessa” e “O Poder da Virgem e José, Filho de Israel”, alguns dos quais mereceram menção nas correspondências que Azurara trocou com o célebre escritor Joaquim Maria Machado de Assis, a partir de 1870, reproduzidas na Coleção Afrânio Peixoto da Academia Brasileira de Letras, editada em 2009”, pontuou Júnior.

Sua morte foi relatada na edição de 4 de julho de 1920 do jornal “O Município de Avaré”, dirigido pelo jornalista Francisco Dias de Almeida. Apesar de sua importância para a cultura avareense, o literato ainda não recebeu o devido valor.

“O exemplo do mestre Azurara, enfim, carece de mais conhecimento e tal memória necessita ser reavivada. Afinal, sua obra literária, sua dedicação ao ensino e seu labor jornalístico, quando melhor divulgados, vão se converter num farol a quem caminha pela cultura, pela educação e pela imprensa, sendas que, se entrelaçadas, convergem para o bem comum”, conclui Gesiel.

Colégio Azurara/Casa do Major Teobaldo feito em bico de pena de Augusto Esteves (1952)

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