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Cadete avareense narra rotina de buscas por vítimas em Brumadinho

Formado em engenharia elétrica, Leandro Nogueira largou a carreira no banco para ingressar na tropa acadêmica do Corpo de Bombeiro de Minas Gerais

Da Redação

No primeiro dia de trabalho, o cadete avareense Leandro Nogueira, 29, observou um indício a cerca de 50 metros. Poderia ser uma vítima. Tentou engatinhar até o local, mas logo percebeu que não seria possível. “Comecei a afundar e tive que deitar na lama para parar de descer. Fui e voltei rastejando. Era só um tronco de árvore”.

O relato foi publicado nesta terça-feira, 12, na Folha de São Paulo. Formado em engenharia elétrica, Nogueira largou a carreira no banco para ingressar na tropa acadêmica do Corpo de Bombeiro de Minas Gerais e ajuda no resgate de vítimas em Brumadinho. O número de mortos em decorrência do rompimento da barragem da Vale já chega a 166. Outros 155 ainda estavam desaparecidos até a conclusão desta matéria.

Ele é o único paulista entre os 56 cadetes da turma. “Dá bastante orgulho representar meu estado”. Em Brumadinho, a rotina começa às 6 horas e vai até o final da tarde. Com a ausência de luz os riscos aumentam e as buscas são ineficientes. “A gente chega no hotel e apaga. O cansaço é muito grande”, conta.

Desafios 

“Sem dúvida, rastejar é a parte mais desgastante. Parece que a gente não sai do lugar. Além da lama em si, ainda temos que transpor muros altos e cercas e enfrentar a desidratação. Quando estou rastejando, penso que tenho que cumprir a missão. Penso nas pessoas que posso ajudar e que estou lá pra isso”, diz, embora ainda não tenha encontrado nenhuma vítima.

O trabalho do cadete, que costuma visitar parentes em Avaré, não tem data pra acabar. No entanto, ele diz que dá pra extrair lições da tragédia. “Brumadinho me ensinou, principalmente, que para prestar o melhor serviço devemos estar preparados para quaisquer desastres. Eles ocorrem sem avisar”.

“São muitos os desafios, mas gosto disso. Sinto que encontrei a profissão certa”, avalia o avareense. 

Um comentário sobre “Cadete avareense narra rotina de buscas por vítimas em Brumadinho

  • Maria Elena Silva Pereira

    Parabéns Flávio, é muito bom saber que tem um avareense nessa missão. Verdadeiros heróis.

    Resposta

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