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“Béradêro”, canção que hoje abre shows de Chico César, foi apresentada pela primeira vez na Fampop

Concorrente na edição de 1991, cantor e compositor paraibano entrou pra história do festival após performance absolutamente fora do comum; assista

Flávio Mantovani

Quem acompanha a carreira do cantor e compositor Chico César sabe que ele costuma abrir seus shows com “Béradêro”, canção que também abre seu primeiro disco, “Aos Vivos”, lançado em 1995.

Cantada quase sempre à capela, a composição remete ao aboio, estrutura musical que o nordestino usa para tanger o gado.

O que fãs de todo o país nem desconfiam é que essa música foi apresentada pela primeira vez ao público durante a 9ª Feira Avareense da Música Popular (Fampop), quatro anos antes de o Brasil conhecer a emblemática canção.

A princípio, um choque”

Chico César foi responsável por uma apresentação pra lá de inusitada na edição de 1991. Naquela noite, o compositor subiu ao palco de mãos abanando. Sem violão, sem banda, sem nada.

Seu único acompanhamento: uma base de sintetizador que ecoava a mesma nota durante toda a música, com contrapontos durante a parte cantada.

Após cantar a primeira estrofe, ele se dirigiu ao outro microfone, emitiu ruídos vocais e voltou para a posição inicial.

A cada intervalo entre as partes da letra, sons aleatórios saíam da garganta do intérprete. Os ruídos sampleados eram reproduzidos durante a execução das estrofes seguintes. Doideira.

“A princípio foi um choque”, reconhece Chico César. “Depois o público veio comigo”. Felizmente, a performance foi registrada em vídeo (confira abaixo).

Não fosse a característica da Fampop de sempre abrir espaço para composições fora da caixinha, talvez o público avareense não tivesse o privilégio de ouvir em primeira mão o “cyber aboio” que ainda tem tanta importância na carreira do cantor. “Ela abre caminhos, abre minha carreira fonográfica”, resume Chico César.

Público e júri vão com cantor

Além de conquistar o público, o júri também ficou impactado: “Béradêro” ficou em terceiro lugar naquela edição do festival avareense.

O paraibano também levou a categoria de “Melhor Letra” num ano que tinha como concorrentes letristas do porte de Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro e Capinam.

 

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