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Avaré se despede da aquarelista Estela Gambini

Artista, que reproduziu liricamente a cidade em suas obras, morreu no último dia 22 de novembro

*Gesiel Júnior

Especial para o Fora de Pauta

Considerada nos anos 1980 como a maior aquarelista do Brasil, a artista plástica avareense Estela Gambini morreu no último dia 22 de novembro, aos 84 anos. Entretanto, muitas pessoas, incluindo amigos e figuras do meio cultural, não souberam do seu passamento.

Debilitada e com problemas de saúde depois de atropelamento sofrido há alguns anos, a aquarelista vivia reclusa. Educadora de formação, ela apreciava pincelar paisagens urbanas de imponentes prédios ou traçar bucólicas cenas de Avaré e de suas importantes personagens.

Envolvida pelo encanto da arte da aquarela, Estela aprendeu com naturalidade a técnica de diluir em água a massa colorida e a transformá-la em tinta. Em seu ateliê a artista agia com leveza conduzindo o pincel sobre o papel com delicados gestos.

Em seus trabalhos artísticos, nos que executou mais recentemente, Estela Gambini elegeu o cenário avareense como temática. Nessa série ela aquarelou edifícios históricos, igrejas e paisagens urbanas e rurais. A última mostra da aquarelista foi promovida há dois anos, na Casa de Artes e Artesanato.

Biografia

Filha do poeta Duílio Gambini e de Luiza Tereza Montebugnoli, Estela nasceu em Avaré no dia 26 de setembro de 1934. Ainda menina, estimulada pelo pintor José Ismael, demonstrou vocação para o desenho.

Em São Paulo, na juventude, estudou pintura na Associação Paulista de Belas Artes, com o artista plástico italiano Sante Bullo (1895-1987), um dos gênios da aquarela e do desenho.

Amante da música clássica como o maestro Amilcar Montebugnoli, seu tio materno, Estela estudou piano, tendo como mestre Fritz Yank. Aliás, ela tomou parte, em 1959, tocando na cerimônia inaugural da Concha Acústica, ao lado do consagrado pianista João Carlos Martins.

Por alguns anos a artista se dedicou ao magistério lecionando em Águas de Santa Bárbara. Porém, a arte sempre pontuou mais forte. E ela se viu atingida pela leveza da aquarela. Produziu muito e expôs em diversos salões promovidos em São Paulo e numa mostra no Peru.

A mais importante mostra individual de Estela, montada em 1986, teve lugar no Teatro Maria Della Costa, em São Paulo, a convite da atriz, sua amiga, tendo na ocasião reunido trabalhos executados em Paraty.

Apaixonada pelo colonial brasileiro, a aquarelista fez igrejas e casarões de Ouro Preto, Mariana e Sabará, ao lado de surpreendentes paisagens, recriando um barroco denso de poesia. Discreta, numa de suas raras declarações, afirmou: “Embevecida, enlevada ante a beleza da natureza, pelos tons e semitons do arco-íris, em suas cores azuis, lilases, verdes, vermelhas, amarelas, num ímpeto de inspiração, tomo do pincel e, vibrando, transformo tudo em aquarelas!”. 

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